segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Do outro lado do espelho... o medo

Sinto-te às vezes tão longe... como se estivesses do outro lado de um espelho onde os meus dedos não te tocam... E sabes, às vezes o teu olhar está triste e escuro e o teu sorriso não é livre... Às vezes, tenho um medo terrível dessa sombra que te descubro nos silêncios... e sinto-te num cais de embarque, olhando os destinos possíveis, tentando descobrir outros rumos...
E às vezes tenho muito medo que um dia decidas partir finalmente, para um local onde eu nunca mais te alcance.
Às vezes, meu amor, como desta vez, eu tenho medo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

No cais da saudade


Engulo a saudade como se engole um remédio... ou um veneno qualquer. A custo. Mas eu sei, este não é um amor vulgar. Entraste em mim sem pedir licença, invadiste todos os poros da minha pele e instalaste-te, acomodaste-te, fizeste ninho cá dentro do meu peito bem no meio do coração. E é aí que aperta, que dói a saudade quando não te tenho. Este amor de ausência e saudade é também um amor de coragem, de inconformismo, que me leva a tecer planos que iludam os tempos só para te encontrar... só para te ter por breves momentos. Talvez não entendas, são estes momentos que me dão alento para voltar para ti, sempre, de todas as vezes, após cada partida... como um barco regressando ao cais onde atraca seguro. É pouco? Sim, claro que é pouco. Mas é tudo o que tenho e só por isso aceito sem reservas o beijo na boca louco de saudade, o abraço apertado, o olhar fundo onde me revejo e te encontro a cada chegada. Gosto das coisas simples que fazem único este amor: os silêncios calmos, os risos soltos, as confidências trocadas em voz baixa e serena, os cigarros fumados a dois, os gestos de ternura nas mãos que se tocam, os corpos querendo-se desesperadamente, a excitação a cada reencontro que empresta um tremor bom à alma inquieta. Nunca foi fácil amar-te e no entanto tu és gostável por natureza, é fácil ficar presa a ti... e não querer soltar-me. Desprezo a liberdade dos que não amam ninguém, dos que se bastam a si próprios e são livres... Gosto desta prisão de amor, deste cativeiro de partilha e ternura, desta dependência, porque só contigo não uso máscaras, só contigo não disfarço ou preciso de fingimentos. Só contigo eu posso ser eu.
E apeteceu-me muito dizer-te tudo isto agora.

domingo, 4 de janeiro de 2009

4 de Janeiro de 2008


Faz hoje um ano. Mas poderia ter sido apenas ontem que a nitidez na minha memória seria exactamente a mesma. Um ano depois, nenhum pormenor se esbateu, nenhuma memória perdeu o brilho... Consigo relembrar tudo, como um filme que vemos vezes sem conta e cujos detalhes sabemos de cor. Foi uma das noites mais mágicas da minha vida... não me perguntes porquê, e nunca, nunca a esquecerei. Era uma sexta-feira... fazia frio como hoje mas nós não o sentíamos, nós só sentíamos o nó na garganta, os nervos à flor da pele e uma felicidade infinita por estarmos juntos, por estarmos sós, por nos pertencermos... Nem o jantar horrível manchou o momento... a mesa posta para nós dois fez com que não tivesse qualquer importância a ementa escolhida, a simplicidade da pizza de atum... as tangerinas à sobremesa... Amámo-nos muito nessa noite, muito intensamente, com o receio de quem não conhece bem o corpo amado e tem medo de não corresponder às expectativas, aos sonhos... Amámo-nos com a timidez do primeiro amor. Nessa noite chorei, depois do prazer... e talvez não tenhas visto... eram lágrimas de amor, de felicidade, de prazer... e de medo. Senti nessa noite um medo terrível de te perder, de que pudesses sair da minha vida...
Antes de saíres, ofereceste-me um presente, o mais valioso de todos os presentes, que colocaste na minha mão em concha, dizendo baixinho To remember this night...
Foi com efeito uma noite mágica e eu não mudaria um único segundo nem que o pudesse fazer. O meu coração gravou toda a ternura, toda a felicidade, toda a certeza que senti nessa noite: a certeza de que te amo muito, e quero que seja para sempre.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009

Numa noite em que todas as pessoas se abraçam, demoram o pensamento naquelas que mais amam, numa noite em que se esquecem as diferenças, os erros, se fazem votos de felicidade e se promete ser melhor, numa noite de esperança, de brilho, de alegria, numa noite em que inevitavelmente nos entregamos a quem nos completa, nessa noite, dizia eu, tu fizeste aquilo que eu nunca julgaria que fizesses... Não falaste comigo, não retribuiste a minha mensagem ou os desejos de um ano feliz... Nada. Silêncio. Desprezo. (?) E ao fazeres o que eu nunca acreditei que fizesses, algo se apagou cá dentro, se silenciou, se calou também.
Mesmo assim, e apesar de tudo, desejo-te um Feliz Ano Novo.