segunda-feira, 30 de março de 2009

DSD


É em dias como o de hoje, que eu te sinto mais perto.
Tu não sabes, mas este domingo andei contigo no pensamento, agarrado a mim, como uma obsessão. Perseguiste-me os minutos, os segundos, as palavras e os silêncios... Foste a minha sombra, como um anjo da guarda amparando-me os passos... Tu não sabes, mas sentaste-te comigo à mesa, ocupaste o lugar vazio ao meu lado enquanto eu conduzia de mãos dadas com a tua lembrança, cantaste comigo as músicas que escorriam do meu cd preferido, passeaste nas páginas do livro que não consegui ler, sorriste-me com doçura enquanto ocupavas o ecrã da TV, ensaboaste-me docemente o corpo no banho quente. Estiveste em mim, sem o saberes. E tu não sabes, mas parei à tua porta e fumei calmamente um cigarro tentando descobrir se teria coragem de te ligar, desejando engolir o medo de te atrapalhar, de te inibir de algum modo, caso não estivesses só. Arranquei pouco depois sem te ligar... porque hoje é domingo. Tu não sabes, mas hoje vesti o casaco cor-de-rosa que me ofereceste o ano passado na Páscoa só para andar todo o dia abraçada a ti... e vim devagar pela marginal respirando a cor do céu e do oceano, relembrando como é bom estar contigo deitada na areia, só nós e o vento, à beira-mar...
Tu não sabes, mas hoje a saudade doeu-me.
Tu não sabes, mas hoje o teu nome foi um punhal de fogo espetado no meu peito... todo o dia... e até agora, para estar contigo, fico aqui neste silêncio doído ouvindo as músicas que tu ouves, esperando as tuas palavras, esperando qualquer coisa que venha de ti e acabe de vez com esta saudade que me enlouquece.
É quase sempre assim aos domingos.
Mas isso tu não sabes.