Só me resta isto, falar-te daqui, desta praia solitária onde apenas tu me alcanças, onde não pretendo chegar a mais ninguém. Aqui a voz é minha e tu consegues escutá-la quando os teus passos te trazem até mim... Hoje quero deitar a cabeça no teu colo, como tantas vezes fazia, e sentir a ternura dos teus dedos brincando com o meu cabelo, prendendo-o atrás da orelha, procurando as imperfeições da minha pele... Ficavas muito meigo nesses momentos e conversávamos baixinho ou então ríamos... sempre rimos bastante quando estávamos juntos. Às vezes ficávamos em silêncio porque o amor também é feito de silêncios... Hoje estou assim, no teu colo, falando-te baixinho, e tu acendes um cigarro dos teus, que fumamos juntos. Ouve-se o mar e as estrelas estão azuis... Estamos juntos nesta noite fria, recusando perder-nos um do outro.
Eu vim só pedir-te que não partas. Não partas, se não for isso que o coração te pede. Não partas, se não tiveres a certeza de que queres partir. Porque sabes... não devemos partir se pretendemos voltar. Nada é igual quando voltamos... o tempo mudou os nossos olhares, colocou vazios e dores nos lugares do coração... gravou mágoas e saudades. Se o coração te pede, fica, não partas. E se partires, não olhes nunca mais para trás. Se partires não voltes nunca mais, porque seremos outros, não os que somos hoje...
Solto-me lentamente do teu abraço... a nossa conversa chegou ao fim... e digo-te apenas que também fui feliz aqui, no teu colo, na vida que partilhámos, nos sonhos bonitos que sonhámos juntos. São os pequenos instantes que se tornam momentos inesquecíveis... e se partires mesmo, quero que saibas que nunca amei ninguém assim... Como te amo a ti.