A serenidade paira à minha volta e dentro de mim. Uma estranha calma envolve tudo e eu respiro-a fundo, sustenho-a no meu peito, abraço-a. Do outro lado da noite, tu. Tão longe e tão perto de mim, tão fora e tão dentro, correndo-me no sangue, pulsando-me no coração. Vou deitar-me contigo hoje. Com a tua memória, com a memória do silêncio daquela praia deserta e da noite escura na última noite em que nos pertencemos, em que fomos tão felizes... A memória da tua voz sussurrando-me coisas inconfessáveis, das tuas mãos entre as minhas enquanto conduzo, do teu jeito meigo de me acenderes um cigarro e de o partilhares comigo, do teu cheiro e da tua pele... Do teu abraço.
Apetece-me ficar contigo esta noite, assim, abraçada a ti. Por isso, tu sabes, eu tinha de vir aqui fumar o último cigarro contigo. Eu tinha de dizer-te tudo isto nesta estranha calma que me invade... Não, não são saudades... São ondas. Apenas ondas... Ainda as tuas ondas a bater em mim...