Contei-te há pouco da minha solidão à mesa do café. Do quanto desejei ter-te ali comigo, sorrindo-me do outro lado da mesa, o corpo dizendo tudo o que as palavras calavam... Contei-te do quanto queria a tua mão no meu joelho por baixo da mesa, os nossos dedos tocando-se de raspão, enganando os olhares do mundo num momento só nosso... Mas não te contei do poema que te fiz e que fala do mar que há por dentro dos teus olhos, do sol que brilha no teu sorriso tão lindo quando estás feliz... Não te contei que esse poema não pode morar aqui porque pertence à nossa casa... Não te contei que passei por lá sem entrar porque me assustam muito as portas cerradas e as casas vazias... Não te contei que me falta essa nuvem azul onde me encontro contigo em cada palavra, no fim de todas as frases... E tenho a certeza que também não te contei que me sinto perdida e insegura porque não posso aninhar o meu poema no escuro e no frio de uma casa desabitada, onde não ouço os teus passos ou o teu riso...
Não posso, sabes? Mesmo que o meu poema seja para ti.