quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ninho

Assim que o vi, soube que seria meu. Quando a porta se abriu vi os enormes janelões virados a sul e a poente, a varanda em L cheia de sol e uma vista de cortar a respiração sobre o azul infinito. Lá em cima ouve-se o mar e o vento, e as vidraças estavam quentes do sol que morria em avermelhados de fogo. Os vidros duplos trazem o silêncio de que preciso para recomeçar a caminhada. Vou ser feliz ali, naquele sexto andar onde ninguém me alcançará, onde nada me magoará... Vou pintar as paredes de amarelo clarinho, é uma cor quente e doce, será como viver dentro do sol e da luz... A cozinha é pequenina e acolhedora, talvez uma opção do arquiteto que deixou todo o espaço livre para o enorme quarto e para a sala infinita, desnivelada. Encherei a parte mais baixa de estantes com livros e terei um sofá branco onde me afundarei a escrever as minhas palavras... Na parte alta haverá uma mesa e cadeiras onde farei as refeições olhando a praia e os moinhos de vento. Preciso de muito pouco para ser feliz. E ali sei que vou ser finalmente feliz.