quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sempre tu


Parávamos o carro junto ao mar e ali ficávamos, a conversar.
Uma vez, deu-nos para contar anedotas. Não me lembro se foste tu que começaste ou eu, nem isso importa. Contaste uma que recordo bem, sobre um casal que está a assistir a uma procissão (ou seria um desfile?) e no fim ríamos como tolinhos, descontraídos, apenas um par de namorados cheios de mil cumplicidades... Às vezes conseguíamos ser assim.

(Hoje no café ao fim da tarde, alguém contou essa anedota, a tua anedota. E ninguém compreendeu porque razão eu fui a única pessoa que no final não desatou a rir às gargalhadas.)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Infantilidades

Fui o visitante 1800... e isso fez-me sorrir.

A noite mais bela


Naquela noite, a mais bela das noites, havia sossego à hora em que tu chegaste. Eu fui buscar-te ao portão e caminhámos com cuidado na escuridão, de mãos dadas, evitando as pedras soltas que nos denunciariam o caminhar. Naquela noite, o teu corpo estava quente da caminhada longa e apressada que fizeras e trazias contigo o mais belo dos teus sorrisos. Quando nos abraçámos pousaste-o sem o saber, na curva dos meus seios e ali ficou, cravado no coração. Depois despimo-nos com a urgência da paixão e amámo-nos em cada gesto, em cada beijo que lentamente dissolvia a saudade... A tua boca procurou-me todos os recantos entre as coxas que se abriam para ti, beijou-me, a língua saciando a falta de tantos dias, entrando em mim, possuindo-me sem pudor... Naquela noite, a mais bela das noites, bebemo-nos como se fossemos água, e os corpos foram um oásis no deserto das nossas solidões, dos encontros eternamente adiados. Naquela noite, depois do amor, ficou o abraço das peles nuas que se pediam, adiando a despedida doída. E conversámos sussurrando, e sorrimos muito, muitas vezes, as mãos deslizando nos corpos, escorregadias como peixes, partilhando o carinho só possível quando se sabe que nos nossos braços está a pessoa amada. Naquela noite pertencemo-nos.
Recordo-a muitas vezes, a noite mais bela. Tenho medo que o tempo a apague, a roube de mim, lhe esbata os contornos tão nítidos, como se tivesse acontecido ontem. Por isso às vezes o meu corpo relembra-a, para a poder eternizar, essa noite onde fomos tão felizes com o pouco que tínhamos. E não quero perdê-la nunca porque eu fui muito feliz. Porque tu foste feliz.
Hoje apetece-me dizer-te que sem ti, só metade de mim continua a viagem. O corpo, carrego-o comigo... Mas a alma... levaste-a contigo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Vazio

Exausta. Sinto-me exausta. Como se a energia me tivesse abandonado por completo... Às vezes páro para pensar se aguentarei até ao fim este ritmo de trabalho, mas geralmente não o faço. De que adianta pensar? As coisas têm que ser feitas e não vale a pena lamentar-me... foram escolhas minhas. Fará algum sentido, tudo isto? Se pelo menos eu conseguisse dormir... tenho pesadelos, sonhos maus onde geralmente vou numa estrada escura, a alta velocidade, e não encontro o caminho certo... Doutras vezes sonho que estou atrasada, muito atrasada e vou faltar ao trabalho... outras ainda sinto que me afogo, que não consigo respirar. Depois acordo assim, exausta, mas aliviada porque era só um pesadelo. Às vezes tenho a cara molhada de lágrimas... Sinto saudades da serenidade, de me sentir sem stress, de viver sem olhar o relógio, de descansar um pouco no sofá da sala, de ver televisão, de ler um livro só porque sim... Já não sei o que é viver sem lutar contra o tempo há uma eternidade... Luto contra o tempo, contra os meus pensamentos, contra as emoções... Luto contra a saudade. Vou vivendo assim, um dia de cada vez, e os dias são sempre iguais: cheios de trabalho, cheios de stress, e vazios, completamente vazios de mim.

domingo, 15 de novembro de 2009

Tenho mesmo

Tenho só um cigarro e ainda tanto trabalho pela frente... Adio o momento de o fumar porque sei que não conseguirei pensar sem tabaco, tão pouco manter-me acordada. Estou irritada comigo mesma. Pela primeira vez, os maços SOS a que recorro em casos de urgência, não foram repostos. E por saber que não tenho cigarros, a vontade de fumar torna-se ainda mais imperiosa e urgente... É sempre assim, quanto mais quero distanciar-me de um assunto, mais ele regressa e me atormenta, ganha vida própria na minha mente, desobedece-me e inferniza-me. Seguro o cigarro sobrevivente entre os dedos sem o acender, adio o momento em que o vou queimar. E no entanto apetece-me descontroladamente fumá-lo. Já comi, já bebi, não sei mais como iludir a vontade, como enganar o desejo.
Está decidido, vou sair. A casa está em silêncio e talvez consiga escapulir-me sem acordar ninguém. Vou deixar um bilhete escrito e vou à cidade, à bomba de gasolina, comprar tabaco. Vou mesmo. Faço o caminho pela marginal e aproveito para ver o mar. Tenho muitas saudades do mar.
Sinto-me estúpida e dependente. Sinto-me fraca e ridícula. Sinto-me triste.
Merda, tenho que deixar de fumar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Nunca mais


Nunca mais me mandarás embora.
Nunca mais me pedirás que te deixe em paz.
Nunca mais.