Tenho só um cigarro e ainda tanto trabalho pela frente... Adio o momento de o fumar porque sei que não conseguirei pensar sem tabaco, tão pouco manter-me acordada. Estou irritada comigo mesma. Pela primeira vez, os maços SOS a que recorro em casos de urgência, não foram repostos. E por saber que não tenho cigarros, a vontade de fumar torna-se ainda mais imperiosa e urgente... É sempre assim, quanto mais quero distanciar-me de um assunto, mais ele regressa e me atormenta, ganha vida própria na minha mente, desobedece-me e inferniza-me. Seguro o cigarro sobrevivente entre os dedos sem o acender, adio o momento em que o vou queimar. E no entanto apetece-me descontroladamente fumá-lo. Já comi, já bebi, não sei mais como iludir a vontade, como enganar o desejo.
Está decidido, vou sair. A casa está em silêncio e talvez consiga escapulir-me sem acordar ninguém. Vou deixar um bilhete escrito e vou à cidade, à bomba de gasolina, comprar tabaco. Vou mesmo. Faço o caminho pela marginal e aproveito para ver o mar. Tenho muitas saudades do mar.
Sinto-me estúpida e dependente. Sinto-me fraca e ridícula. Sinto-me triste.
Merda, tenho que deixar de fumar.
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