Conheces aquela sensação de se saber uma resposta sem se ter perguntado, só porque não a queremos ouvir? Porque temos medo de a ouvir? Eu sinto-a muito forte, assustadora... Porque sei sem te ter perguntado. Acho que já sei há muito tempo... Simplesmente andei a fazer de conta, a achar que talvez... que se calhar... que pode ser que ainda... Mas não. Tu já não voltas. Sinto-o. Nunca mais voltarás a usar a chave que te dei. Talvez já não acredites... Talvez te sintas desconfortável... Talvez a tua certeza não seja do tamanho da minha. Mas o meu coração sabe que a nossa casa já não existe. Desabou no dia em que bateste com a porta pela última vez e é difícil reconstruí-la. Porque eu sei que tu não queres. Não percebo porque não mo dizes frontalmente e deixas esta espera prolongar-se, arrastar-se... Sabes, desde que te mandei a chave, regresso vezes sem conta, sempre na esperança de te reencontrar, de te ter no lugar onde pertences, como se nunca tivesses partido... Mas tu não estás. E aquele espaço deixou de ser nosso, deixou de ser a nuvem onde eu te encontrava, onde falávamos a sós porque não existia mais ninguém.
Quando se duvida, quando não se age com uma certeza inabalável, quando se adia uma decisão, é porque uma outra já foi tomada... Só não entendo porque me disseste que querias voltar, se afinal não tinhas a certeza de querer fazê-lo. Sabes, aquele espaço que era nosso, é a coisa mais especial que possuo, o meu segredo mais precioso. Começou por ser um sonho, depois foi construído, pedra sobre pedra e ficou aquele lugar tão lindo, aquele cofre cheio de tesouros, como eu chamo às tuas palavras. Depois, foi sendo lentamente abalado pelos terramotos das tuas partidas, foi ficando vazio de sonhos, foi-se silenciando. E agora está à espera, à espera que tu entres para se encher de sol, ou de água...
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