E de repente, não mais que de repente, eis que tu surges, invadindo o café, quando eu já não esperava ou acreditava que o fizesses. De repente, já só existes tu, a encher todo o espaço, todo o momento, mesmo à distância de uma mesa, mesmo com os olhos cravados na folha do jornal que lês com duvidosa atenção. De repente, quase te sinto o cheiro tão familiar, quase te sinto a pele, a maciez do cabelo... De repente, estamos parados no meio da rua, os corpos tocando-se quase por acaso, perigosamente próximos, dolorosamente afastados, tu sorrindo-me e desafiando-me os sentidos com mil promessas no olhar tentador, a boca demorando-se no canto dos meus lábios no momento da despedida... De repente, tu apareces à porta da escola reclamando a minha presença junto do teu corpo... E de repente, no meio de uma pequena multidão, só lá estamos nós, só está o teu peito tão perto do meu, o teu peito onde eu gostaria de repousar a cabeça, os teus braços que eu queria que me envolvessem... De repente, o mundo vira sorrisos alegrando-me o intervalo, enchendo de luz e brilho a rotineira hora do lanche. De repente, surge o desejo de me demorar contigo, de prolongar os minutos tão escassos em que a vida se enche de cor, em que acredito que tudo é possível. De repente surpreendes-me no olhar descarado que me atiras, atiçando o desejo, provocando as emoções, despoletando em mim um turbilhão de sensações que eu deixo soltarem-se. De repente, tu és o meu amor que me vem ver, só a mim, e o mundo inteiro deixa de fazer sentido para me concentrar apenas na tua presença chicoteando-me o desejo...
De repente, surpreendes-me.
De repente, apeteces-me...
E o dia corre melhor.
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