sexta-feira, 25 de dezembro de 2009


Obrigada avó.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um amor feliz


Até o mais improvável dos amores um dia é verdade. E deixa a sensação maravilhosa de que já nos conhecíamos há muito tempo, talvez noutras vidas, talvez noutros mundos. Hoje fizemos amor... e eu não sonhei... O meu corpo pertence-te, foi sempre teu, muito antes de eu o compreender. O teu encaixa no meu e eu só consigo perceber que a vida está completa. Que os deuses se apaziguaram, o universo se equilibrou e que tudo está no seu lugar. E as nossas almas, meu improvável amor, já se possuíam muito antes de os corpos se terem encontrado e encaixado num puzzle perfeito.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sempre tu


Parávamos o carro junto ao mar e ali ficávamos, a conversar.
Uma vez, deu-nos para contar anedotas. Não me lembro se foste tu que começaste ou eu, nem isso importa. Contaste uma que recordo bem, sobre um casal que está a assistir a uma procissão (ou seria um desfile?) e no fim ríamos como tolinhos, descontraídos, apenas um par de namorados cheios de mil cumplicidades... Às vezes conseguíamos ser assim.

(Hoje no café ao fim da tarde, alguém contou essa anedota, a tua anedota. E ninguém compreendeu porque razão eu fui a única pessoa que no final não desatou a rir às gargalhadas.)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Infantilidades

Fui o visitante 1800... e isso fez-me sorrir.

A noite mais bela


Naquela noite, a mais bela das noites, havia sossego à hora em que tu chegaste. Eu fui buscar-te ao portão e caminhámos com cuidado na escuridão, de mãos dadas, evitando as pedras soltas que nos denunciariam o caminhar. Naquela noite, o teu corpo estava quente da caminhada longa e apressada que fizeras e trazias contigo o mais belo dos teus sorrisos. Quando nos abraçámos pousaste-o sem o saber, na curva dos meus seios e ali ficou, cravado no coração. Depois despimo-nos com a urgência da paixão e amámo-nos em cada gesto, em cada beijo que lentamente dissolvia a saudade... A tua boca procurou-me todos os recantos entre as coxas que se abriam para ti, beijou-me, a língua saciando a falta de tantos dias, entrando em mim, possuindo-me sem pudor... Naquela noite, a mais bela das noites, bebemo-nos como se fossemos água, e os corpos foram um oásis no deserto das nossas solidões, dos encontros eternamente adiados. Naquela noite, depois do amor, ficou o abraço das peles nuas que se pediam, adiando a despedida doída. E conversámos sussurrando, e sorrimos muito, muitas vezes, as mãos deslizando nos corpos, escorregadias como peixes, partilhando o carinho só possível quando se sabe que nos nossos braços está a pessoa amada. Naquela noite pertencemo-nos.
Recordo-a muitas vezes, a noite mais bela. Tenho medo que o tempo a apague, a roube de mim, lhe esbata os contornos tão nítidos, como se tivesse acontecido ontem. Por isso às vezes o meu corpo relembra-a, para a poder eternizar, essa noite onde fomos tão felizes com o pouco que tínhamos. E não quero perdê-la nunca porque eu fui muito feliz. Porque tu foste feliz.
Hoje apetece-me dizer-te que sem ti, só metade de mim continua a viagem. O corpo, carrego-o comigo... Mas a alma... levaste-a contigo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Vazio

Exausta. Sinto-me exausta. Como se a energia me tivesse abandonado por completo... Às vezes páro para pensar se aguentarei até ao fim este ritmo de trabalho, mas geralmente não o faço. De que adianta pensar? As coisas têm que ser feitas e não vale a pena lamentar-me... foram escolhas minhas. Fará algum sentido, tudo isto? Se pelo menos eu conseguisse dormir... tenho pesadelos, sonhos maus onde geralmente vou numa estrada escura, a alta velocidade, e não encontro o caminho certo... Doutras vezes sonho que estou atrasada, muito atrasada e vou faltar ao trabalho... outras ainda sinto que me afogo, que não consigo respirar. Depois acordo assim, exausta, mas aliviada porque era só um pesadelo. Às vezes tenho a cara molhada de lágrimas... Sinto saudades da serenidade, de me sentir sem stress, de viver sem olhar o relógio, de descansar um pouco no sofá da sala, de ver televisão, de ler um livro só porque sim... Já não sei o que é viver sem lutar contra o tempo há uma eternidade... Luto contra o tempo, contra os meus pensamentos, contra as emoções... Luto contra a saudade. Vou vivendo assim, um dia de cada vez, e os dias são sempre iguais: cheios de trabalho, cheios de stress, e vazios, completamente vazios de mim.

domingo, 15 de novembro de 2009

Tenho mesmo

Tenho só um cigarro e ainda tanto trabalho pela frente... Adio o momento de o fumar porque sei que não conseguirei pensar sem tabaco, tão pouco manter-me acordada. Estou irritada comigo mesma. Pela primeira vez, os maços SOS a que recorro em casos de urgência, não foram repostos. E por saber que não tenho cigarros, a vontade de fumar torna-se ainda mais imperiosa e urgente... É sempre assim, quanto mais quero distanciar-me de um assunto, mais ele regressa e me atormenta, ganha vida própria na minha mente, desobedece-me e inferniza-me. Seguro o cigarro sobrevivente entre os dedos sem o acender, adio o momento em que o vou queimar. E no entanto apetece-me descontroladamente fumá-lo. Já comi, já bebi, não sei mais como iludir a vontade, como enganar o desejo.
Está decidido, vou sair. A casa está em silêncio e talvez consiga escapulir-me sem acordar ninguém. Vou deixar um bilhete escrito e vou à cidade, à bomba de gasolina, comprar tabaco. Vou mesmo. Faço o caminho pela marginal e aproveito para ver o mar. Tenho muitas saudades do mar.
Sinto-me estúpida e dependente. Sinto-me fraca e ridícula. Sinto-me triste.
Merda, tenho que deixar de fumar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Nunca mais


Nunca mais me mandarás embora.
Nunca mais me pedirás que te deixe em paz.
Nunca mais.

domingo, 25 de outubro de 2009

O coração também morre


Habituamo-nos a tudo. Sem o notarmos, habituamo-nos a viver sem tempo, ao equilíbrio no arame, a esta vida na corda bamba, ao trapézio sem rede. Habituamo-nos à indiferença, ao silêncio e ao vazio. Ao cansaço. Habituamo-nos à saudade e a dar murros em ponta de faca que nos cortam o ar e nos deixam sem sangue... Habituamo-nos. E vamos perdendo vida todos os dias, vamos perdendo tempo e momentos, instantes fugazes de alegria mas que eram o respirar do corpo exausto. Habituamo-nos a viver sem água, numa sede eterna que deixa os olhos sem brilho e o coração despedaçado... Habituamo-nos a calar os gestos de amor, as palavras de desejo, a paixão. Deixamos de pedir, de lutar, de sonhar. E até a isso nos habituamos quando um dia percebemos que já nada esperamos, nenhum comboio onde embarcar, nenhum navio onde partir, nenhum horizonte no olhar... No solitário cais de embarque da vida, sentamo-nos numa apatia silenciosa, perdidos os sonhos, vencida a coragem, invisíveis aos olhos do mundo e dos homens. Habituamo-nos. Passamos a ser sombra e escuro, vazio e tristeza... e até a isso nos habituamos. Para podermos sobreviver.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Boa-noite, amor

Já me despedi de ti, como sempre faço, todas as noites. Hoje escrevi-te um longo e-mail, ao contrário do que é habitual. Apetecia-me conversar contigo, ou melhor, precisava de conversar contigo... Gosto das nossas conversas, do tempo que gastamos a saber um do outro, dos assuntos triviais e da brincadeira, das gargalhadas, da descompressão que é sempre rever-te no fim da saudade... Falei muito... como sempre. A seguir vou mandar-te uma sms... como sempre. É sempre assim, todas as noites, pelo menos todas as noites em que posso fazê-lo. A única e pequenina diferença é que não tenho carregado na tecla enviar. A única.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Amanhã talvez

Os cães estão inquietos. Agitam-se, correm loucamente até ao portão e regressam ofegantes. Choram. Talvez seja da chuva. Também não gosto deste som da água caindo nas árvores, do vento agitando a madeira, obrigando os troncos a vergarem-se. Tomei o comprimido e aguardo a calma... Queria dormir hoje, um sono sem sonhos, sem insónias, sem angústia. Estou cansada. A igreja gelada, as pessoas a chorar, o descontrole no momento em que a urna desce à terra... Odeio funerais. Lembrei-me de ti, avó, de quando te desceram à terra e me deram a chave da tua urna presa com uma fita de seda negra. Chorei muito, chorei à vontade, hoje era possível deixar cair a dor... Quando regressei sentia-me tão esfarrapada que me apeteceu ouvir uma música, vezes sem conta, até a dor passar. A única música possível. Mas a dor não passou. Entendes-me? Não passou. E agora à noite, parti um copo ao jantar. Chamaram-me desastrada, distraída, ralharam-me... e era só a merda de um copo. Como podia eu explicar que o deixei cair porque alguém, que eu não via, me agarrou a mão, a puxou com força? Como contar que me assustei, que senti medo? Fantasmas não existem, rir-se-iam de mim... Talvez eu esteja a ficar louca...
Amanhã é outro dia. Respiro fundo e espero. Amanhã será talvez melhor.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Recomeçar

Regressar. E recomeçar. Lentamente, um passo a seguir ao outro... e a vida há-de levar-me a algum lugar. Continuar viagem. Sozinha. Partir do nada que ficou e voltar a ter sonhos... Tem que ser possível. Em alguma volta da estrada a dor deixará de se ouvir. Mudar a vida. Mudar de vida. Mesmo que a palavra Amor não se ouça mais. Mesmo que nunca mais consiga dizer Amo-te...
É preciso recomeçar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Não quero viver esta vida.
Não quero.
Não consigo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Marcas de amor


Hoje enquanto me vestia devagar em frente ao espelho os meus olhos demoraram-se na pisadura do braço, bem evidente na pele tão clara. Uma mancha negra e redonda, a marca perfeita do teu polegar quando me agarraste com força. Na altura achei que o fazias com raiva, ódio até... mas agora penso que talvez fosse só desespero, um desespero incontrolável ao veres que nos perdíamos outra vez... Dói-me quando lhe toco, mas em breve ganhará aquele tom amarelado e desaparecerá finalmente sem deixar vestígios, ajudando-me a esquecer aquela noite escura. Desses momentos fica apenas uma história com uma única culpada e um só ferido... e eu vou deixar as coisas assim... vou esperar apenas que o tempo ao apagar a nódoa negra, leve também com ele todas as outras marcas de amor que me deixaste no coração.
Porque como tu próprio quiseste, entre nós está tudo dito.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A vida não me apetece

Tento redesenhar a minha vida nesta folha em branco que são os dias que virão. Não consigo encontrar uma nota de cor, um traço seguro que me indique o rumo a seguir... É como uma música que nunca ouvi e não sei tocar, um insustentável silêncio depois da tua voz... Fecho-me em mim, guardando as memórias do que fomos num ninho donde não me apetece sair, longe duma vida que não quero viver. Não sei caminhar sem ti, sem o som dos teus passos nesta estrada solitária e dolorosamente silenciosa... Dentro de mim já não há mais nada, talvez só tristeza e mágoa, vazio e sombras... e a minha dor, encostada ao passado, ainda tão incrivelmente presente.
Tento resenhar a minha vida, colori-la de azul, como o mar e a noite que nos acolheram tantas vezes, as estrelas onde sempre nos sabíamos encontrar... mas a cor não nasce, teimosamente afoga-se no negro que há cá dentro e me encharca a alma. Ando às voltas perdida dentro de mim, tentando achar uma saída... Mas a vida não me apetece.

sábado, 13 de junho de 2009

Tocar a lua...


Fui lá fora há pouco respirar a noite e fiquei emudecida longos minutos a admirar a lua. Vai vê-la também, amor, quando regressares a casa, procura-a por entre os rostos dos prédios altos, atravessa a rua se for preciso, e vai vê-la. Hoje a noite tem estrelas azuis e uma lua branca, enorme, parada no céu negro e quase possível de alcançar... E nesta noite calma, eu sinto que o nosso amor é como a lua, quase possível de guardar para sempre. Foi um dia tão lindo que passámos juntos! Um dia cheio de doçura, de palavras, um dia em que conversámos olhos nos olhos, de mãos dadas, e nos beijámos na boca à mesa de um café... Passeámos abraçados na rua cheia de vento e por breves momentos não fomos mais do que duas pessoas que se amam muito, invisíveis ao resto do mundo. Hoje não tive medo dos homens, dos olhares alheios que nos podem separar, e não precisei de te falar em surdina porque ninguém à nossa volta se preocupava com o que dizíamos... Hoje fui apenas a tua namorada, feliz por te amar aos olhos do mundo, a céu aberto, e afinal, descobri que como todas as pessoas que se amam, preciso de pedir muito pouco aos deuses para alcançar a felicidade.
Só preciso mesmo, de vez em quando, de conseguir tocar a lua...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um sorriso de sol

Hoje fui procurá-la entre as páginas do livro onde a tinha escondido, e fiquei durante muito tempo a olhá-la, a gravar os detalhes, a descobrir pormenores que me ensinassem mais sobre ti. Deste-ma ontem, depois de termos feito amor e disseste que adoravas aquela foto. Tu tens razão... a pessoa que te fotografou foi feliz na escolha do momento. O teu rosto, que ocupa o centro da imagem, irradia uma luz lindíssima, um brilho feliz, como poucas vezes as fotos conseguem ilustrar. Passei devagar os dedos na pele do teu rosto, na barba macia, nos cabelos brilhantes e sedosos... e quase consegui evocar o perfume da tua pele... Demorei a minha atenção nos teus olhos... são os teus olhos sem sombras que ali estão, que traduzem alegria quando te sentes sereno. Estás muito bonito. A t-shirt preta contrasta com o tom moreno do teu rosto, destacando-o de imediato e evidenciando os teus dentes bonitos e certinhos. És a imagem de um homem feliz. E eu tento imaginar a quem sorririas, em que pensarias naquele momento, quem fazia bater mais forte o teu coração, no momento em que a máquina gravou para sempre o teu sorriso de sol... Ainda não nos conhecíamos, não podias sequer imaginar que os nossos destinos se cruzariam deste modo, enlaçados em nós tão apertados, tão impossíveis de desatar... Sabes... esta foto tem para mim o valor de uma jóia rara e cara... Quando ma deste ontem, estávamos felizes e tu sorrias quando abriste as portas do teu passado e me convidaste a entrar, quando quiseste que eu soubesse como era um bocadinho de ti antes de eu existir, há tantos anos atrás... E isso é um presente maravilhoso. Oferecermos o nosso passado a alguém que amamos é uma atitude rara e generosa e encheste-me de uma felicidade secreta que não consegui dizer-te... Por isso digo-te agora que o meu coração e os meus olhos tatuaram o teu sorriso cá dentro e posso carregá-lo sempre comigo, faz parte das minhas memórias também. Guardo o teu sorriso que eu amo e que às vezes te faço perder, que destruo com palavras, com gestos, com atitudes ou com silêncios, o teu sorriso naquele dia há tantos anos atrás quando sem saberes, caminhavas já em direcção a mim, empurrado pelos deuses ou por qualquer outra força superior que junta dois seres humanos num amor único para todo o sempre...

sábado, 6 de junho de 2009

Os sonhos também morrem


Hoje morri às quatro da tarde e ninguém reparou. Dos que me rodeavam, dos que me falavam, ninguém viu, ninguém notou que eu já não existia... Talvez não haja dor maior do que sentir que não somos importantes para ninguém, que não ser preciso limpar disfarçadamente uma lágrima teimosa, porque ninguém a vê cair cá dentro, no coração. Tu terias sabido, se me tivesses visto, que eu já não ando por aqui... voei para longe, à procura de um tempo e de um espaço onde a dor não me alcance. Tu conheces-me bem, lerias nos meus olhos e saberias que eu morri hoje.
Às quatro da tarde.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A frio


Finalmente o silêncio. Apenas os sons da noite, tranquilos e rotineiros... Hoje termina agora, muitas horas que eu quero apagar, esquecer, eliminar do calendário dos meus dias. Queria poder removê-lo cirurgicamente, com bisturi e sem anestesia. A frio. A dor acompanhou-me em muitos momentos e este dia que termina sabe ao sal das minhas lágrimas, sabe a solidão, a cansaço e a frustração. Sabe a derrota. Hoje a cabeça dói-me e o coração descompassado dentro do peito, sufoca-me, obriga-me a encher o peito de ar... Porque hoje o ar que inspiro não me chega, como se estivesse a afogar-me... e talvez esteja. Os ombros curvam-se numa dor fina e incómoda, que alastra a todos os ossos do meu corpo. Mas sabe-me bem esta serenidade agora, este murmurar suave do computador, e lentamente o desespero do dia de hoje esvai-se e deixa entrar a paz... As estrelas estão azuis e tu estás aqui comigo.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O último voo


Um dia, quando já ninguém precisar de mim, vou-me embora. Quando todos tiverem seguido os seus caminhos, vou sair desta casa onde ninguém me vê, ninguém me abraça, ninguém repara em mim ou nos meus passos. Nesse momento, abrirei as asas e lançar-me-ei no último voo... Começarei tudo de novo, longe daqui. Não levarei nada deste lugar, apenas os meus objectos pessoais e todos os meus livros, que encherão as estantes novas que cobrirão as paredes de um aposento iluminado. Quero começar tudo de novo, comprar todos os objectos de que precisarei para viver e serão objectos sem história, objectos nos quais escreverei a minha nova vida, a história do meu último voo. Um dia, vou procurar um apartamento à beira-mar, bastante alto, talvez num décimo andar (eu gosto do número dez), para que possa sem barreiras encher os olhos de azul. Vou decorá-lo em tons de branco, preto e vermelho, um vermelho quente, cor de cereja, cor de vida... Terei apenas o estritamente necessário, num estilo minimalista que me conforta e me liberta para as coisas que sinto prazer em fazer. Os móveis de linhas despojadas e lisas, guardarão apenas o essencial... e a minha nova casa será bonita, confortável e acolhedora. Aí serei feliz, longe das multidões, naquela solidão voluntária que gosto de sentir.
Se tu ainda estiveres comigo, se ainda me quiseres, chegarás sempre que queiras, com o teu sorriso de sol e haverá nos armários as tuas bolachas preferidas, as tuas bebidas favoritas, e um roupão azul pendurado ao lado do meu. Ficas lindo de azul... Na casa de banho, terás a tua escova de dentes, o teu gel de banho, o perfume que gostas de usar. Cozinharei para ti e conversaremos, abraçados no sofá onde me massajarás as costas e os ombros, riremos de tudo e de nada como tantas vezes fazemos hoje. Depois, podes ficar abraçado a mim, na noite silenciosa, acordado ou dormitando, numa doce preguiça e naquele cansaço bom que se sente depois do amor. De vez em quando, talvez possas ficar e acordar comigo, tomaremos banho juntos e obrigar-te-ei a engolir o pequeno almoço que não faz parte dos teus rituais. Quando saíres a meio da noite, beijar-me-ás os cabelos, talvez me afagues o rosto e irás sereno, saciado de mim e do nosso amor, para voltares sempre que queiras, sem avisar. E eu estarei sempre à tua espera, nessa casa que já construí e decorei, e que terá uma varanda enorme onde eu possa perder os olhos no azul do céu e do mar e respirar fundo o aroma a maresia... Será uma casa simples, porque eu preciso de pouco para ser feliz... E ninguém saberá que no teu pesado molho de chaves, disfarçada e escondida entre as outras, haverá uma que abrirá as portas de um décimo andar virado para o mar, onde eu serei feliz e estarei sempre à tua espera.

sábado, 9 de maio de 2009

Café com desejo


Enrola-se o pensamento à volta do teu nome numa teimosia inevitável e circular. É como se todas as coisas se iniciassem e terminassem em ti... Recordo o nosso encontro hoje de manhã, a alegria de te ter tão perto, à mesa do café que engoli distraídamente, perdida nos detalhes do teu rosto. A barba mais crescida, os olhos cheios de luz apesar do cansaço das noites tão longas, os lábios ligeiramente gretados, abertos num sorriso irresistível... E depois apoiaste o rosto na mão, e olhaste-me com desejo e ao mesmo tempo com todo o carinho do mundo, desafiando-me o abraço, o beijo na boca cheia de saudade... Eu olhei em volta e mudei de posição, apertei os meus braços contra o corpo para que eles não me desobedecessem, para que não se transformassem em asas e sobre a mesa te fossem apertar num abraço infinito, enquanto a boca pousada na curva doce do teu ombro, saboreando-te a pele, bebendo-te o perfume, diria apenas num sussurro que só tu ouvisses: "Quero-te tanto..."

sábado, 25 de abril de 2009

No teu colo

Só me resta isto, falar-te daqui, desta praia solitária onde apenas tu me alcanças, onde não pretendo chegar a mais ninguém. Aqui a voz é minha e tu consegues escutá-la quando os teus passos te trazem até mim... Hoje quero deitar a cabeça no teu colo, como tantas vezes fazia, e sentir a ternura dos teus dedos brincando com o meu cabelo, prendendo-o atrás da orelha, procurando as imperfeições da minha pele... Ficavas muito meigo nesses momentos e conversávamos baixinho ou então ríamos... sempre rimos bastante quando estávamos juntos. Às vezes ficávamos em silêncio porque o amor também é feito de silêncios... Hoje estou assim, no teu colo, falando-te baixinho, e tu acendes um cigarro dos teus, que fumamos juntos. Ouve-se o mar e as estrelas estão azuis... Estamos juntos nesta noite fria, recusando perder-nos um do outro.
Eu vim só pedir-te que não partas. Não partas, se não for isso que o coração te pede. Não partas, se não tiveres a certeza de que queres partir. Porque sabes... não devemos partir se pretendemos voltar. Nada é igual quando voltamos... o tempo mudou os nossos olhares, colocou vazios e dores nos lugares do coração... gravou mágoas e saudades. Se o coração te pede, fica, não partas. E se partires, não olhes nunca mais para trás. Se partires não voltes nunca mais, porque seremos outros, não os que somos hoje...
Solto-me lentamente do teu abraço... a nossa conversa chegou ao fim... e digo-te apenas que também fui feliz aqui, no teu colo, na vida que partilhámos, nos sonhos bonitos que sonhámos juntos. São os pequenos instantes que se tornam momentos inesquecíveis... e se partires mesmo, quero que saibas que nunca amei ninguém assim... Como te amo a ti.

domingo, 19 de abril de 2009

Voar contigo


Hoje senti-me só. E então... agarrei na tua memória com carinho, abracei-a a mim... e voei.
Porque para voar nem sempre é preciso ter asas. Basta querer.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Saudade


Hoje a tua ausência dói-me.

segunda-feira, 30 de março de 2009

DSD


É em dias como o de hoje, que eu te sinto mais perto.
Tu não sabes, mas este domingo andei contigo no pensamento, agarrado a mim, como uma obsessão. Perseguiste-me os minutos, os segundos, as palavras e os silêncios... Foste a minha sombra, como um anjo da guarda amparando-me os passos... Tu não sabes, mas sentaste-te comigo à mesa, ocupaste o lugar vazio ao meu lado enquanto eu conduzia de mãos dadas com a tua lembrança, cantaste comigo as músicas que escorriam do meu cd preferido, passeaste nas páginas do livro que não consegui ler, sorriste-me com doçura enquanto ocupavas o ecrã da TV, ensaboaste-me docemente o corpo no banho quente. Estiveste em mim, sem o saberes. E tu não sabes, mas parei à tua porta e fumei calmamente um cigarro tentando descobrir se teria coragem de te ligar, desejando engolir o medo de te atrapalhar, de te inibir de algum modo, caso não estivesses só. Arranquei pouco depois sem te ligar... porque hoje é domingo. Tu não sabes, mas hoje vesti o casaco cor-de-rosa que me ofereceste o ano passado na Páscoa só para andar todo o dia abraçada a ti... e vim devagar pela marginal respirando a cor do céu e do oceano, relembrando como é bom estar contigo deitada na areia, só nós e o vento, à beira-mar...
Tu não sabes, mas hoje a saudade doeu-me.
Tu não sabes, mas hoje o teu nome foi um punhal de fogo espetado no meu peito... todo o dia... e até agora, para estar contigo, fico aqui neste silêncio doído ouvindo as músicas que tu ouves, esperando as tuas palavras, esperando qualquer coisa que venha de ti e acabe de vez com esta saudade que me enlouquece.
É quase sempre assim aos domingos.
Mas isso tu não sabes.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Acho que vim aqui só para me despedir.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Até Amanhã


E quando me olhaste fundo e me perguntaste se eu tinha estado a chorar, eu encolhi-me sufocada, subitamente envergonhada como se me tivesses despido a alma à mesa do café. Senti quase raiva por ser tão transparente aos teus olhos... por leres em mim ao primeiro olhar. Disfarcei a inquietude, engoli os nervos com mais um cigarro e esqueci-me até de te perguntar a que horas queres que te vá buscar amanhã.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

À noite fico contigo


Hoje preciso de conversar. Neste silêncio suave, posso ficar contigo, aninhar-me no teu abraço e soltar as palavras. Porque à noite fico sempre contigo. Antes do dia terminar, é sempre à tua memória que me encosto, nesta solidão calma que me apazigua. Há tanta coisa que queria dizer-te e que tu não quiseste ouvir... E no entanto, eu precisava de te dizer... que nunca te quis ferir, que lamento ter-te decepcionado, que não devia ter pedido o tempo que tu nunca poderias dar-me. E agora tenho-o, tenho todo o tempo do mundo... Mas... sabes, esse tempo não tinha um nome nem um rosto como tu julgaste. Esse tempo que eu te pedi era só meu. Há alturas na vida em que temos de atravessar sozinhos os nossos próprios desertos só para descobrir lá longe os oásis verdes... Temos de escalar as nossas montanhas para ver o sol nascer para lá das alturas... Temos de voar contra o vento para fortalecer as asas e ajustar as rotas... Foi isso que eu te pedi. Apenas isso. Mas tu tinhas razão... nada justifica que se faça sofrer quem amamos e eu pedi-te a única coisa que te era impossível fazer. Desculpa.
Algum tempo passou já... e não tem sido fácil, tal como tu desejaste. Mas no meu coração há finalmente quietude e aceitação. Olho de frente esta nova vida que tenho que viver e respiro fundo... Reuni toda a coragem que encontrei e decidi vivê-la o melhor possível. Quando olho para trás vejo que contruímos castelos de areia à beira-mar, que as ondas acabaram por destruir. Durante muito tempo fomos reconstruindo, incansavelmente, mas há sempre uma onda mais forte que acaba por levar tudo embora. É chegado o momento, como tu dizes, de parar de sonhar. A palavra Fim foi pronunciada vezes de mais e de cada vez a dor era mais forte, mais intensa, mais impiedosa. E basta de dor.
Tenho que começar por algum lado e decidi começar pela nossa casa... aquela que me pediste para construir, que eu ergui cheia de felicidade e esperança... e que agora está vazia. Dói-me horrivelmente lá entrar, sinto um aperto no peito... as lágrimas correm... Não sei explicar-te, é um sonho arrasado... entendes? Por isso, amanhã vou destruí-la para sempre... aquele cantinho era nosso, só nosso, e não faz sentido eu ficar lá sozinha. Queria que soubesses isto.
Vou devolver-te a tranquilidade que te roubei durante todo este tempo... tu precisas dela mais do que nunca. Sei que nunca nos esqueceremos, nunca! O teu amor na minha vida foi uma estrela cadente que deixou os céus mais brilhantes e iluminados... como poderia eu alguma vez esquecer-te?
Quando chegámos um ao outro, éramos pessoas diferentes... Hoje eu sou uma pessoa melhor, tu mostraste-me que há emoções que chegam sem avisar, que são imbatíveis e nos dominam por completo... nos matam o querer e a vontade... nos deixam frágeis e indefesos... Contigo foi quase tudo bom... e forte, mais forte do que os deuses, do que os tempos, e do que as distâncias.
Vou guardar-te sempre... e à noite, quando as estrelas estiverem azuis, eu fico contigo.
Amo-te muito... sabias?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Dar tempo ao Tempo


Li nos livros como vai ser. Agora já sei e posso contar-te o que descobri.
Dizem que no início dói muito... a vida é um vazio terrível... um buraco enorme, escuro e gelado. A pessoa que amamos é o nosso primeiro pensamento e o último, antes do sono nos libertar deste inferno de desespero. Recordámo-la todos os minutos do dia, como uma obsessão que nos enlouquece... Perdemos o apetite... Acordamos várias vezes durante a noite e temos dificuldade em voltar a adormecer. Não conseguimos libertar-nos e nada nos dá alegria ou prazer... nada nos interessa. No princípio é assim. Dizem os livros.
Depois, os dias passam e a certa altura apercebemo-nos que começamos a evocar o outro cada vez mais tarde. Primeiro ao almoço... depois ao fim da tarde... finalmente só antes de dormir. Andamos menos tristes e já conseguimos sorrir, falar com o mundo, concentrar-nos nas tarefas quotidianas e rotineiras.
Tempos depois descobrimos que já não é todos os dias que nos lembramos da pessoa que perdemos. Apenas algumas vezes durante a semana, mas são memórias fugazes, a propósito de acontecimentos externos: uma palavra dita do mesmo modo, um sorriso semelhante, uma peça de roupa parecida... uma música que escutamos de repente. Algo nos traz o outro de volta mas já não dói como doía... é só uma saudade agitada que sacudimos com nervosismo e conseguimos mandar embora. Nesta altura teremos compreendido que é inútil continuar a perseguir sonhos e teremos desistido de lutar.
Vem depois, naturalmente, a última parte: relembramos a pessoa que amámos tanto porque é Natal... porque é Páscoa... porque hoje é o seu aniversário... porque foi nessa data que nos amámos pela primeira vez. E a memória vem, fica um bocadinho abraçada a essa lembrança já esbatida, quase perdida... e vai embora sem nos tirar o chão ou nos fazer perder o equilíbrio. Nesta fase estaremos curados e já não haverá amor no nosso peito. O Tempo terá levado tudo embora, as coisas boas e as coisas más... até a saudade. Os livros dizem que é assim.
Devia ser disto que tu me falavas... devia ser isto que tu me querias dizer quando defendias o Tempo... Quando dizias que o Tempo cura a dor e deixa lugares vazios no coração.
Sossego pois. Parece fácil e vou esperar que tenhas razão. Vou esperar o dia em que queira recordar este amor e não consiga porque o Tempo o dissipou, o roubou de mim para sempre.
Mas... sabes, quando esse dia chegar, eu serei menos feliz... Eu serei pouco diferente das feras enjauladas que desistem de lutar pela liberdade e resignadas, ficam de olhos vazios e parados à espera de uma morte qualquer e que sem o saberem, de algum modo já estão mortas. Porque se resignaram.
Estão mortas desde que resignadas, desistiram e decidiram dar tempo ao Tempo.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Os teus dedos



Nunca compreendeste o meu fascínio pelos teus dedos, pois não? E no entanto é tão simples... É que sabes... os dedos são o olhar da pele... entendes?
E eu gostava dos teus dedos longos e macios, despidos de ornamentos... com as unhas roídas até ao sabugo... com a pele dos indicadores queimada por tantos cigarros... Gostava dos teus dedos quando me acariciavam a face, quando me afastavam o cabelo do rosto... ou caminhavam com doçura na pele do meu corpo... Quando se tornavam mensageiros da tua boca e os enterravas em mim... e depois os provavas sentindo-me o gosto... quando os molhavas na tua boca e depois os fazias dançar com a pele dos meus seios... Gostava dos teus dedos entrelaçados nos meus, sentindo... partilhando emoções e mistérios de silêncio...
Talvez agora possas entender por que razão os meus dedos ainda guardam segredos dos teus, quando me navegavam e me despiam de saudade...

Soltar amarras

Não tenho medo de naufragar. Faço-me ao mar, agora sozinha... e neste barco levo apenas as memórias felizes de tudo o que fomos juntos. Valeu a pena... sabes porquê? Nenhum sal deste imenso oceano da vida apagará o gosto doce da tua boca... frio nenhum arrefecerá o calor que o teu abraço deixou em mim... e recordarei a tua voz para além de todos os vendavais. Porque se não há amores perfeitos, há pelo menos sentimentos únicos, verdadeiramente inesquecíveis e insubstituíveis. Mesmo os mais improváveis.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Depois de ti

Hoje mandaste-me embora pela última vez. Não voltarei. Não voltarei nunca mais a ti, deixo-te espaço livre para respirares com serenidade, para me esqueceres a mim e a este amor que consideras um erro que nunca deveria ter acontecido. E eu apanho todos os cacos do chão e não sei o que hei-de fazer com esta dor que me atravessa neste momento.
Amanhã mudarei este espaço, arrumarei o teu lugar agora vazio e passarei a estar para sempre, a sós comigo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Do outro lado do espelho... o medo

Sinto-te às vezes tão longe... como se estivesses do outro lado de um espelho onde os meus dedos não te tocam... E sabes, às vezes o teu olhar está triste e escuro e o teu sorriso não é livre... Às vezes, tenho um medo terrível dessa sombra que te descubro nos silêncios... e sinto-te num cais de embarque, olhando os destinos possíveis, tentando descobrir outros rumos...
E às vezes tenho muito medo que um dia decidas partir finalmente, para um local onde eu nunca mais te alcance.
Às vezes, meu amor, como desta vez, eu tenho medo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

No cais da saudade


Engulo a saudade como se engole um remédio... ou um veneno qualquer. A custo. Mas eu sei, este não é um amor vulgar. Entraste em mim sem pedir licença, invadiste todos os poros da minha pele e instalaste-te, acomodaste-te, fizeste ninho cá dentro do meu peito bem no meio do coração. E é aí que aperta, que dói a saudade quando não te tenho. Este amor de ausência e saudade é também um amor de coragem, de inconformismo, que me leva a tecer planos que iludam os tempos só para te encontrar... só para te ter por breves momentos. Talvez não entendas, são estes momentos que me dão alento para voltar para ti, sempre, de todas as vezes, após cada partida... como um barco regressando ao cais onde atraca seguro. É pouco? Sim, claro que é pouco. Mas é tudo o que tenho e só por isso aceito sem reservas o beijo na boca louco de saudade, o abraço apertado, o olhar fundo onde me revejo e te encontro a cada chegada. Gosto das coisas simples que fazem único este amor: os silêncios calmos, os risos soltos, as confidências trocadas em voz baixa e serena, os cigarros fumados a dois, os gestos de ternura nas mãos que se tocam, os corpos querendo-se desesperadamente, a excitação a cada reencontro que empresta um tremor bom à alma inquieta. Nunca foi fácil amar-te e no entanto tu és gostável por natureza, é fácil ficar presa a ti... e não querer soltar-me. Desprezo a liberdade dos que não amam ninguém, dos que se bastam a si próprios e são livres... Gosto desta prisão de amor, deste cativeiro de partilha e ternura, desta dependência, porque só contigo não uso máscaras, só contigo não disfarço ou preciso de fingimentos. Só contigo eu posso ser eu.
E apeteceu-me muito dizer-te tudo isto agora.

domingo, 4 de janeiro de 2009

4 de Janeiro de 2008


Faz hoje um ano. Mas poderia ter sido apenas ontem que a nitidez na minha memória seria exactamente a mesma. Um ano depois, nenhum pormenor se esbateu, nenhuma memória perdeu o brilho... Consigo relembrar tudo, como um filme que vemos vezes sem conta e cujos detalhes sabemos de cor. Foi uma das noites mais mágicas da minha vida... não me perguntes porquê, e nunca, nunca a esquecerei. Era uma sexta-feira... fazia frio como hoje mas nós não o sentíamos, nós só sentíamos o nó na garganta, os nervos à flor da pele e uma felicidade infinita por estarmos juntos, por estarmos sós, por nos pertencermos... Nem o jantar horrível manchou o momento... a mesa posta para nós dois fez com que não tivesse qualquer importância a ementa escolhida, a simplicidade da pizza de atum... as tangerinas à sobremesa... Amámo-nos muito nessa noite, muito intensamente, com o receio de quem não conhece bem o corpo amado e tem medo de não corresponder às expectativas, aos sonhos... Amámo-nos com a timidez do primeiro amor. Nessa noite chorei, depois do prazer... e talvez não tenhas visto... eram lágrimas de amor, de felicidade, de prazer... e de medo. Senti nessa noite um medo terrível de te perder, de que pudesses sair da minha vida...
Antes de saíres, ofereceste-me um presente, o mais valioso de todos os presentes, que colocaste na minha mão em concha, dizendo baixinho To remember this night...
Foi com efeito uma noite mágica e eu não mudaria um único segundo nem que o pudesse fazer. O meu coração gravou toda a ternura, toda a felicidade, toda a certeza que senti nessa noite: a certeza de que te amo muito, e quero que seja para sempre.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009

Numa noite em que todas as pessoas se abraçam, demoram o pensamento naquelas que mais amam, numa noite em que se esquecem as diferenças, os erros, se fazem votos de felicidade e se promete ser melhor, numa noite de esperança, de brilho, de alegria, numa noite em que inevitavelmente nos entregamos a quem nos completa, nessa noite, dizia eu, tu fizeste aquilo que eu nunca julgaria que fizesses... Não falaste comigo, não retribuiste a minha mensagem ou os desejos de um ano feliz... Nada. Silêncio. Desprezo. (?) E ao fazeres o que eu nunca acreditei que fizesses, algo se apagou cá dentro, se silenciou, se calou também.
Mesmo assim, e apesar de tudo, desejo-te um Feliz Ano Novo.